segunda-feira, junho 28, 2010

Lembranças


"Se existe uma única imagem para recordar a destruição do World Trade Center é o salto desde os andares mais altos daqueles que escolheram uma morte diferente da sufocação pela fumaça ou consumação pelas chamas”, escreveu John Bussey, do jornal The Wall Street Journal. 

O jornalista foi um dos sobreviventes dos devastadores atentados terroristas em Washington. Bussey ficou esquecido na Torre Gêmea Número Um depois que o edifício foi evacuado. “Quando as janelas explodiram e o escombro começou a chover dentro do escritório, me escondi debaixo de uma mesa. Tentava salvar minha vida”, lembrou uma entrevista concedida dias depois.
 Sem sombra de dúvida esse atentado deixa marcas que até hoje, depois de tantos anos, ainda não cicatrizaram, e talvez, nunca cicatrizem. O atentado não foi só contra um governo estabelecido, ou contra prédios símbolos, mas também contra pessoas que esperavam viver mais um dia nas suas rotinas e que foram surpreendidas por essa tragédia.

O vídeo a seguir é um memorial ao 11 de setembro de 2001:





Por: Tuany Dutra

Cobertura jornalística



O dia 11 de Setembro foi marcado por uma sucessão de ataques terroristas nos Estados Unidos.
Nesta data, mais precisamente entre 8:46 à 10:28, membros da Al-Qaeda sequestraram dois aviões comerciais e colidiram os aviões mas Torres Gêmeas (World Trade Center), resultando na morte de milhares de pessoas e na queda dos edifícios.
Além destes 2 aviões, os sequestradores também sequestraram um terceiro que teve como destino o Pentágono e outro que acabou sendo interceptado antes que chegasse ao seu destino.
Os atentados atingiram as cidades de Nova York, o Condado de Arlington e Shanksville.
Este atentado resultou na morte de 2.933 pessoas e 6.291 feridos.
 A imprensa brasileira também divulgou imagens do atentado. A seguir o vídeo com a reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, no dia 11:








Por: Tuany Dutra

O PC do terror

 Arquivos encontrados em computadores da Al Qaeda revelam como o terrorismo planeja seus atentados

Logo após os atentados de 11 de setembro o FBI passou a investigar possiveis terroristas. Nestas investigações encontraram em computadores arquivos de planejamento de vários outros ataques. O arquivo que mais desperta horror, datado de agosto de 2001, é uma espécie de manual do terror. Em tom de relatório, revela os detalhes da viagem ao Oriente Médio de um emissário da Al Qaeda, cuja missão era efetuar um levantamento minucioso de informações para futuros atentados. Entre os alvos sugeridos, prédios altos e aviões – no mesmo estilo dos atentados em Nova York e Washington. O cruzamento de informações levou à suspeita de que o emissário seja o inglês Richard Reid, de 28 anos, o homem do sapato-bomba. Reid foi preso quando tentava detonar um explosivo escondido na sola de seu tênis durante um vôo de Paris a Miami. As datas e o roteiro da viagem do emissário coincidem com um giro que Reid havia feito ao Oriente Médio. O nome adotado por Reid ao se converter ao islamismo, Abdel Rahim, é parecido com o do emissário da Al Qaeda, identificado como Abdul Rauff. E ambos viajaram com passaporte inglês.
  

Os alvos escolhidos

PONTOS TURÍSTICOS NO EGITO
O emissário da Al Qaeda propôs a explosão de uma bomba numa estrada movimentada em que circulam os ônibus com turistas estrangeiros

PRÉDIO DA ONU EM NOVA YORK
Num e-mail ao mulá Omar, líderes da Al Qaeda festejam a destruição das estátuas de Buda e sugerem que a sede da ONU seja o alvo seguinte
 
MURO DAS LAMENTAÇÕES EM JERUSALÉM
O terrorista acha o lugar perfeito para uma matança, mas teme pôr em risco a mesquita de Al Aqsa
 
FRONTEIRA DOS ESTADOS UNIDOS COM O CANADÁ
Um terrorista foi enviado para ver se era possível entrar com explosivos nos Estados Unidos
 
PRÉDIOS ALTOS EM TEL-AVIV
Entre arranha-céus fotografados, um seria atingido por avião: a mesma tática usada em Nova York



Por: Tuany Dutra

Letras e melodias na tragédia




A música morreu. Não no dia 11 de setembro de 2001, mas no dia 3 de fevereiro de 1959. Pelo menos é isso que canta Don McLean em American Pie. Escrita em 1971, a canção trata da morte prematura de Buddy Holly, The Big Bopper e Ritchie Valens - três astros do rock norte-americano da década de 50 que perderam a vida em um acidente aéreo.
McLean imortalizou o trágico evento na forma de uma canção pop-folk de mais de oito minutos de duração. American Pie, regravada pela popstar Madonna, ficou em primeiro lugar nas paradas dos EUA durante um mês. Da noite para o dia, McLean se transformou em um milionário.
Bruce Springsteen fez quase igual. Foi apenas mais rápido. The Rising, lançado em julho de 2002, menos de um ano após os incidentes de Nova York, funciona como um tratado musical sobre os eventos de 11 de setembro. Além de marcar a volta da parceria com a E Street Band, o álbum coloca o cantor e compositor de volta no papel em que ele melhor ocupou durante boa parte de sua carreira: a de cronista do povo norte-americano. Até agora, The Rising já vendeu milhões de cópias pelo mundo e Springsteen chegou até a ser capa da revista Times. Claro, os bons riffs de guitarra e as letras contundentes que permeiam o álbum ajudaram muito para o sucesso.

LUCRO NA TRAGÉDIA
 
Outro que se deu bem com os ataques sofridos pelos EUA foi o cantor de música country Toby Keith. Quase desconhecido do público brasileiro, Keith foi ainda mais rápido. Um mês após o ataque terrorista, ele lançou o álbum Unleashed. Em uma das músicas, ele canta: Suckerpunch came flying in from somewhere in the back/ We will put a boot in your ass/ It´s the american way. (um soco idiota veio voando de algum lugar pelas costas/ Nós iremos te dar um chute na bunda/ Esse é o jeito americano, em tradução livre). Apenas na semana de lançamento, o álbum vendeu 338.000 cópias.
Neil Young também foi rápido - só não conseguiu um bom retorno financeiro. Normalmente recluso, o experiente roqueiro saiu do seu rancho para cantar a sua indignação. Let´s Roll, o manifesto sobre os eventos que mudaram o mundo, foi entregue às rádios antes mesmo da gravadora autorizar. Mas além do aspecto imediatista - e de um riff que lembra o pub-rock de Ian Dury -, ela tem pouca coisa de especial.


Se os velhos roqueiros reagiram enfrentando a situação, a geração mais nova tratou apenas de não interferir. Os nova-iorquinos dos Strokes, tocados com a morte dos policiais (ou com medo de provocar revolta entre os oficiais mortos na queda da torres), tiraram a música New York City Cops da versão norte-americana do álbum. Na canção, Julian Casablancas diz que os tiras de nova iorque não são muito espertos.
Outro que preferiu não dar a cara pra bater foi o grupo escocês Primal Scream. Famoso por seu discurso engajado e um som um tanto quanto energético, a banda resolveu tirar do álbum uma música intitulada Bomb The Pentagon.
Moby também seguiu um caminho parecido. O cantor, que curiosamente faz aniversário no dia 11 de setembro, mudou os versos da música Sleep Alone. Antes do ataque, o refrão dizia:Pelo menos nós morremos juntos/De mãos dadas voando pelo céu. Na versão revisada, virou: Pelo menos nós estávamos juntos/De mãos dadas voando para o céu.

É O FIM DO MUNDO QUE CONHECEMOS
 
Mas não foi apenas assim que a música reagiu aos atentados de 11 de setembro. De maneira mais rápida do que os artistas acima, a indústria do entretenimento começou a mexer seus pauzinhos. Quase instantaneamente, rádios norte-americanas começaram a banir canções da sua programação. Qualquer letra que remetesse ao acontecido ou que tivesse um certo baixo astral foi tirada da programação. Até metáforas foram consideradas perigosas. A enorme lista incluiu Imagine (John Lennon), Learn To Fly (Foo Fighters), Lucy In The Sky With Diamonds (The Beatles), Ruby Tuesday (The Rolling Stones) e Its the End of the World as We Know It (R.E.M.). Bruce Springsteen teve três canções na lista. Até American Pie foi banida.
Outro efeito quase imediato foram os cancelamentos de turnê. Artistas americanos, amedrontados com os perigos de um voô internacional, adiaram shows ou, simplesmente, devolveram o dinheiro de quem já tinha ingresso. Weezer, Janet Jackson, Ben Folds e até os malvados mascarados do Slipknot ficaram com medo de cruzar o atlântico de avião.

 HINO DO ATENTADO
 
Desde a queda do World Trade Center, a cena musical de Nova York está a pleno vapor. Novas bandas surgem a cada semana. E a música, normalmente raivosa, que sai das guitarras dos nova-iorquinos pode ser o reflexo da tensão infiltrada nas ruas da cidade desde setembro do ano passado. Por isso, ouvidos atentos. Muita coisa boa ainda está para vir.
Medrosa, banida, modificada, lucrativa, acanhada, corajosa, tocante ou raivosa, a música pós-atentado, assim como as outras formas de expressão artística, parece ter seguido um percurso normal. Seus efeitos mais imediatos já foram sentidos. Mas, mesmo com artistas imortalizando o evento e refletindo o estado de espírito de toda uma geração, nenhuma canção conseguiu resumir o que todos nós estamos sentindo. O grande problema é que não estamos sentindo a mesma coisa.



Por: Tuany Dutra  


NASA libera fotos do 11 de setembro


Atentados do WTC foram visto do espaço



NASA divulga imagem do ataque de 11 de setembro de 2001 visto do espaço.
Após oito anos, em 2009, dos atentados terrorista que destruiram um dos maiores símbolos da cidade de Nova York, a Agência Espacial Americana publicou em seu site uma foto tirada na data do atentado: 11/09/2001.

Visível do espaço, a fumaça do impacto dos dois aviões nas torres do World Trade Center se espalha sobre Manhattan. A foto foi tirada da Estação Espacial Internacional, que está a cerca de 400 quilômetros da Terra. Só não se sabe o motivo pelo qual demorou tanto a divulgação da imagem, para inclusão nos processos.




Por: Tuany Dutra

O 11 no 4 de março de 2001

 dia 11 de setembro de 2001 foi transmitido em 4 de março de 2001(seis meses antes dos atentados)


A história do primeiro episódio da série de televisão "The Lone Gunmen", transmitido em 4 de Março de 2001 (seis meses antes do 11 de Setembro) na FOX TV, descreve um plano criado pela CIA para fazer embater um Boeing 727 numa das torres do World Trade Center por controlo remoto e culpar terroristas estrangeiros, com o objetivo de ampliar o orçamento militar americano.
O vídeo a seguir mostra um episódio da série:
Esta série e este episódio passaram na SIC Radical e na RTP. Partes de diálogos do vídeo: “A Guerra Fria acabou John. Mas sem um inimigo credível que justifique uma corrida ao armamento, o mercado das armas fica estagnado. Porém, basta mandar abaixo um 727 completamente cheio, no meio da cidade de Nova Iorque, e encontram logo uma dúzia de ditadorzecos, por todo o mundo, a reclamar a responsabilidade e a pedir para serem bombardeados a sério” e “World Trade Center. Vão fazer embater o avião no World Trade Center”, dizia uma dos personagens.         
Muitas são as conspirações contra a história oficial dos atentados, algumas teorias afirmam que os  atentados podem ter sido armação do próprio governo norte americano. Será que esse episodio,  que a principio se apresenta como uma série de TV feita para distrair os telespectadores, é uma dica do que aconteceu realmente ou é apenas pura coincidência?
 Por: Tuany Dutra

O ódio à diferença


 
CONTRA A INTOLERÂNCIA
Em Nova York, uma palestina naturalizada americana
participa de marcha em defesa dos árabes que vivem nos EUA


É milenar o hábito de estranhamento entre os homens. Indivíduos que por algum motivo destoam num grupo qualquer costumam provocar sentimentos de antipatia entre aqueles que se sentem iguais entre si – e superiores ao que lhes parece diferente. O racismo, baseado em preconceito, nasce daí. Povos mais escuros, mais pobres, menos cultos ou simplesmente de outra etnia sempre foram vítimas de desprezo irracional por parte de coletividades que se consideram superiores na comparação. Os árabes que emigram para o Ocidente enfrentam essa barreira, mas talvez nunca tenham sido tão visados devido ao estereótipo de seu sotaque, seu turbante e sua barba como depois do último dia 11, quando ocorreram ataques terroristas nos Estados Unidos. Na esteira dos atentados, o Conselho de Relações Islâmico-Americanas, um organismo com sede em Washington, registrou mais de 400 incidentes em vários Estados nos sete dias seguintes: ataques a mesquitas e livrarias, agressões físicas, ameaças de morte e carros danificados, entre os atos mais comuns cometidos. Num subúrbio de Chicago, no Estado de Illinois, cerca de 300 pessoas marcharam em direção a uma mesquita. A polícia enviou patrulhas ao local, a fim de evitar a quebradeira. Pelo menos três assassinatos, no Texas, na Califórnia e no Arizona, foram associados a gestos de vingança contra a destruição causada pelos vôos suicidas em Nova York, Washington e na Pensilvânia.


 
INTEGRAÇÃO RACIAL
Indianos da comunidade sikh de Los Angeles em manifestação:
vigília em memória das vítimas dos atentados


As manifestações de intolerância racial e religiosa chegaram a tal ponto que foi preciso o presidente George W. Bush fazer uma visita a um centro islâmico de Washington, na segunda-feira passada, para acalmar a fúria de muitos americanos. "A face do terror não é a verdadeira fé do islamismo", afirmou Bush, que cumpriu o ritual de tirar os sapatos na entrada da mesquita e chegou até a citar oCorão em seu discurso. Ele lembrou que há milhões de muçulmanos americanos – médicos, advogados, lojistas, professores, todos contribuintes que dão ajuda valiosa ao país.
A mão estendida de Bush foi um esforço positivo para conter a escalada do preconceito – essa praga que tem origens diversas e a história já se encarregou de mostrar, fartamente, que costuma terminar em tragédias de envergadura. Entre os povos primitivos, a rejeição aos indivíduos que não pertenciam a um determinado grupo nômade era uma reação instantânea à idéia de ter de dividir a comida com um estranho. Na Antiguidade, os gregos e romanos moveram guerras contra os povos que consideravam bárbaros, e o preconceito era reforçado pela relacão de dominação que vencedores exerciam sobre vencidos. Os judeus certamente são os que sofrem discriminação de cunho religioso e cultural há mais tempo – ainda no Império Romano enfrentavam aversão ao fato de ter um forte sentido de vida comunitária e fidelidade às suas tradições e costumes. Com o desenvolvimento das ciências naturais, a partir de meados do século XIX, o preconceito começou a ganhar fundamentos teóricos, particularmente com a obra do francês Joseph-Arthur, conde de Gobineau. Surge um racismo mais elaborado, que procura demonstrar a existência de raças superiores e inferiores, resultado de uma relação entre as características físicas hereditárias (cor da pele, tamanho do crânio) e os traços de caráter e de inteligência. Gobineau sustentava que a civilização européia era criação da raça ariana, da qual descendiam as aristocracias daquele continente, tema precursor do holocausto nazista um século depois.



CRIME NO ARIZONA
O indiano Harjit Sodhi (de turbante vermelho),
no posto onde o irmão Balbir foi assassinado


Embora os judeus, seguidos pelos negros, apareçam sempre como sinônimo de vítimas da discriminação, a questão é muito mais diversificada pelo mundo afora. A Conferência da Organização das Nações Unidas contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, encerrada no último dia 8 em Durban, África do Sul, permitiu traçar uma panorâmica dos conflitos agudos de natureza étnica e religiosa que se espalham em dezessete regiões ao redor do mundo. Nesse painel, nada se compara aos dias macabros que viveu a Indonésia, país que abriga 300 grupos étnicos, que falam cerca de 450 línguas. Em março, os dayaks, nativos de origem malaia, percorreram os vilarejos para decepar a golpe de facão a cabeça dos adversários madureses, migrantes da ilha de Madura. O assassino bebia o sangue que escorria pelo pescoço da vítima e retirava o coração para que o resto do bando pudesse comê-lo. Isso não aconteceu há 1.000 anos na Indonésia. Ou há um século. Aconteceu neste ano. Alguns analistas sustentam que haveria uma explicação econômica na origem desse horror. Dizem eles que os madureses passaram a ter acesso a melhores empregos e terras que os dayaks e, portanto, tornaram-se objeto de ódio dos rivais. Como muitas explicações acadêmicas, esta é superficial. O que há é um primitivismo incontrolável nesse grupo que chupa sangue e come coração de gente mais competente para ganhar a vida. Na Índia o sistema de castas continua a desafiar a modernidade. Os representantes da casta mais subalterna, os dalits, são conhecidos como os "intocáveis" e continuam a não poder ser tocados fisicamente pelas castas superiores, mesmo que isso tenha sido abolido pela Constituição de 1950. Em certas cidades, eles não podem cruzar a linha divisória que os segrega do resto da população nem visitar os mesmos templos.
Os Estados Unidos estão muito longe disso, é claro. Mas o mesmo ódio à diferença está na raiz do assassinato do imigrante indiano Balbir Singh Sodhi, 49 anos, no dia 15. Ele era sócio do irmão Harjit na exploração comercial de um posto de gasolina em Phoenix, Arizona. Balbir apareceu morto por arma de fogo e o suspeito, Frank Roque, foi preso no mesmo dia, também acusado de atirar contra um libanês em outro posto de gasolina. No enterro, o irmão resumiu o clima de medo que se disseminou: "É só usar turbante e barba que muitos americanos agem como se fôssemos do grupo do Bin Laden". A rigor, o crime tinha até endereço errado: a família Sodhi não é nem árabe nem muçulmana, mas indiana da seita sikh. 


Por: Tuany Dutra



O vírus anti - EUA

O MUNDO A SEUS PÉS
Os manifestantes pisoteiam a bandeira
americana em protesto no Paquistão 


Em tempos de paz, o antiamericanismo no Ocidente é uma postura inofensiva, adotada por gente que veste jeans, toma Coca-Cola, come hambúrguer e manda os filhos para os parques da Disney World. Nas conversas dessas pessoas, os americanos são descritos como senhores do mundo mais superficiais, imersos numa cultura consumista e tosca quando comparada aos supostos refinamentos do estilo europeu. Nos dias que se seguiram ao assassinato de milhares de trabalhadores, predominantemente americanos, mas também de dezenas de outras nacionalidades, no ataque terrorista às torres gêmeas em Nova York, o uso político dessa ideologia perdeu a inocência de que habitualmente se reveste. Mal se contaram os mortos nos atentados e já viajava pelo mundo a idéia de que os Estados Unidos foram, em última análise, os causadores da tragédia que se abateu sobre eles. 

 A GUERRA NO CAMINHO
Manifestante solitário ergue um cartaz
pacifista em Los Angeles: oposição começa em casa

Por mais graves que tenham sido os erros e até os crimes cometidos pelos americanos em sua expansão imperial no decorrer do século que se encerrou, as críticas de que foram alvo em demonstrações pelas capitais do mundo na semana passada eram elas próprias um atentado ao bom senso. Em Berlim, 15 000 jovens saíram às ruas para protestar contra os americanos, que já movimentavam suas forças bélicas para atacar os ninhos do terror no Afeganistão. Em Nápoles também houve protestos. Em Atenas, a mesma coisa. No México e na Espanha, esquerdistas picharam muros com o nome e o rosto do terrorista Osama bin Laden, celebrando-o como herói. No Brasil, os protestos foram mal disfarçados em atos pela paz convocados por partidos de esquerda e ONGs no Rio de Janeiro e em São Paulo. Manifestações antiamericanas como essas, num momento de genuína consternação planetária contra o ato terrorista, são intrigantes.
Entre os povos árabes e outras etnias que seguem o islamismo, as causas da aversão aos americanos são mais compreensíveis. A democracia e a modernidade a que se expõem os islâmicos no contato com os Estados Unidos são venenos para as elites locais. Em dois terços dos países islâmicos, os religiosos têm poder de Estado. Os mulás controlam a vida social, política, militar e econômica dos países. Definem comportamentos, estabelecem quem são os inimigos e amigos do país. Nos mais radicais, como o Afeganistão, de onde a televisão e a internet foram banidas, até o tamanho da barba é definido pelo Estado teocrático. "Para os líderes religiosos desses países, a simples existência de uma nação como os Estados Unidos já é assustadora. Mas o pavor mesmo vem do fato de os Estados Unidos não serem uma nação qualquer, mas uma potência hegemônica com interesses econômicos e presença física e militar em regiões islâmicas", diz o professor de filosofia americano Mark Hadley. Num ambiente assim, satanizar os EUA é uma opção política quase natural. Jovens pauperizados e sem esperança de progresso material ouvem dos tiranos que os governam que a causa de sua miséria é externa. Dessa maneira, os governantes árabes colocam nos Estados Unidos a culpa pela própria falta de iniciativa para promover o bem-estar do povo.
Mas como explicar o sentimento de aversão ao modo de vida americano em capitais do Ocidente, onde se realizaram as passeatas da última semana? "O oportunismo das manifestações foi evidente. Mas será que as raízes do ódio aos Estados Unidos penetraram mais fundo do que se imaginava até então?", perguntava a revista inglesa The Economist. Realmente, o luto durou pouco demais. Ele se manteve apenas até o momento em que a formidável máquina de guerra americana começou a exercitar suas garras em frente das câmaras de televisão. Bastou que circulassem as primeiras imagens dos caças F-16 e dos porta-aviões americanos pelas redes de televisão para que o fervor antiterrorista fosse remodelado para uma mobilização contra a guerra de vingança dos americanos. "O número de pessoas que ainda estão chocadas com o atentado é avassaladoramente maior que o daquelas que o viram apenas como mais uma oportunidade de apedrejar os Estados Unidos", escreveu Anatol Lieven, um estudioso americano da Rand Corporation, instituição semi-oficial que há décadas assessora sucessivos governos americanos na área estratégica e foi instrumental durante os anos da Guerra Fria. Mas não se deve invalidar o argumento de Lieven apenas por sua clara filiação ideológica.




 PROTESTO
Jovens em Berlim seguram cartazes com dizeres:
"Parem a guerra. Civilização é genocídio". 
Fazem também a queima da bandeira

A reação antiamericana foi quase instantânea e disseminada por muitas capitais do mundo. Nos países islâmicos, parecia um teatro orquestrado e perfeitamente natural. Fora dessa esfera onde Alá é a bússola dos povos, tinha a aparência de uma erupção deslocada, uma interrupção aos gritos de um processo de luto. A livre discussão das idéias é sempre um oxigênio na vida das nações porque libera pressões modernizantes que de outra forma ficariam represadas. Mas, no caso das manifestações da semana passada, o que se viu em muitos lugares foi a união velhaca de raposas da esquerda e da direita, fazendo seu proselitismo. Sob a mesma pregação contra os valores americanos, estiveram na última semana forças ideologicamente tão distantes quanto as representadas por Jean-Marie Le Pen, um racista declarado, líder da extrema direita francesa, e, por exemplo, parte da intelectualidade engajada do Brasil. Le Pen esqueceu sua plataforma política de ódio aos imigrantes de origem árabe para se entregar à tentação de colocar a culpa dos atentados nas próprias vítimas. "Os atentados são condenáveis, mas a política externa americana danosa está na origem da tragédia", disse Le Pen.

Com ligeiras variações foi o que se ouviu de alguns porta-estandartes da esquerda brasileira e também de representantes indistintos da tolice nacional. Ato terrorista é culpa de terrorista em qualquer país que seja cometido. Em artigo no jornal Folha de S.Paulo, na segunda-feira passada, o historiador Boris Fausto, um dos mais respeitados em seu campo de atividade, escreveu o seguinte: "Depois de apresentar as condolências de praxe, essa gente (círculos nacionalistas e de esquerda) acaba dizendo, até com certo prazer, que os Estados Unidos colhem o que plantaram". Reconhecendo os "erros e barbaridades" da sociedade americana, Boris Fausto ressalta o papel vital dos EUA na preservação da democracia e termina por convocar seu leitor a uma escolha: "Ou será que deveríamos lavar as mãos diante da face sinistra dos mensageiros da morte?".
Primitivo como ideologia de mobilização de massas, o antiamericanismo é um fenômeno que merece reflexão. Ele tem razões psicológicas, econômicas, religiosas, étnicas, geográficas e, certamente, ideológicas. Quase todos os países do mundo com algum peso político expressivo atraem simpatizantes e detratores. A má vontade com os Estados Unidos tem o tamanho de seu poder de maior potência militar e econômica do planeta. Resultou em parte das tensões geradas pela expansão americana, um atrito que se iniciou nas primeiras décadas do século passado e adquiriu velocidade estonteante às vésperas da entrada no terceiro milênio. A globalização econômica também carrega a impressão digital de asiáticos e europeus, mas é percebida quase universalmente como benéfica preferencialmente para os americanos. "O ritmo que a crescente eficiência e a produtividade dos Estados Unidos imprimiram à economia mundial nas duas últimas décadas foi muito forte", diz o economista americano Paul Krugman. "Em muitos países, ele provocou um processo de destruição criativa, que, se foi benéfico por um lado, por outro dilacerou tradições culturais e gerou insatisfações profundas."
A força avassaladora do modelo americano criou sentimentos planetários de insegurança e impotência. No plano econômico, registrou-se uma obsolescência dos parques industriais de alguns países na confrontação com modelos mais eficientes de produção de riqueza. Mercados antes protegidos foram inundados por produtos mais baratos e melhores que aqueles fabricados localmente. O movimento de globalização gerou prosperidade e eficiência econômica sem precedentes para muitas nações, e não apenas para os Estados Unidos. Mas, ao enfraquecer setores industriais tradicionais de economias retardatárias, gerou também muita insatisfação. No campo político, muitos países sentiram minada a própria soberania, à medida que o foco de muitas decisões importantes se transferia para Washington e Wall Street. Até nações poderosas acusaram o golpe dessa guinada de poder em direção aos Estados Unidos. "Quanto mais fortes eles ficam, mais estrondosa será a queda. Todo império termina em espetáculo", escreveu no The Times de Londres Matthew Parris, político do partido conservador inglês.



MISTÉRIO HOLANDÊS
A imagem acima foi apreendida por policiais holandeses
numa escola para crianças islâmicas: ela ilustra um
calendário feito no começo do ano. Os dizeres 
em árabe: "Com ajuda de Alá morrerei por Alá"

 
De um lado é típico dos impérios, em todos os tempos, atrair desafiantes ousados e doses cavalares de antipatia. Foi assim com os romanos na Antiguidade e com a própria Inglaterra. Por outro lado, é curioso que potências que exerceram ou exercem seu poder de modo muito mais discricionário que os Estados Unidos não tenham atraído tanta antipatia das classes bem pensantes do mundo civilizado. A União Soviética despencou sobre si mesma numa implosão monumental de ineficiência e soberba sem que seus crimes hediondos tenham gerado metade da exasperação que a presença americana no mundo desperta. Hoje em dia, a própria China, um regime ditatorial expansionista, só pareceu incomodar o universo das "classes conversadoras" por ocasião do massacre de estudantes na Praça da Paz Celestial, em Pequim, no ano de 1989.
Não existem impérios inocentes. Nenhum país chega à posição de líder guindado pela ingenuidade. Os Estados Unidos com freqüência são ainda arrogantes e até hipócritas. As posições recentes dos americanos renegando acordos internacionais de proteção ecológica, como o de Kioto, aliadas ao fato de serem eles os maiores produtores de gases poluentes do planeta, certamente não atraem simpatia. A recusa em bancar suas obrigações financeiras como membros da Organização das Nações Unidas, a ONU, soa para muita gente como um desprezo para com a comunidade internacional. A nação mais rica do planeta não pode alegar falta de recursos nesse caso. É um tapa na diplomacia mundial o governo americano levar criminosos de guerra a tribunais internacionais, como fez recentemente com o ex-presidente da Iugoslávia Slobodan Milosevic, ao mesmo tempo que veta o direito de outros países e organismos internacionais de processar seus próprios cidadãos. Ações como essas causam ressentimento. Mas seriam elas suficientes para atrair um atentado terrorista da magnitude do que destruiu as torres gêmeas? Só da perspectiva de lunáticos. Também não se pode sacar uma justificativa da conta de ressentimentos acumulados em meio século de Guerra Fria. Foi um período de ódios e transgressões, no qual o império soviético sempre se destacou como muito mais ousado em suas investidas contra a soberania de outros países.
Há provavelmente alguns sentimentos mais simples, menos reflexivos, na gênese do antiamericanismo que se observa nos salões dos letrados. "O antiamericanismo em Paris e Londres é resultado de um pouco de irracionalidade, modismo e ignorância mesmo", diz o inglês Bryan Appleyard, autor de um artigo sobre o tema publicado pelo jornal londrino The Sunday Times e reproduzido no Brasil pelo jornal Estado de S. Paulo. Pode-se acrescentar outro ingrediente, a inveja pura e simples. Como lembra Appleyard, os Estados Unidos atualmente têm mais escritores, músicos e pensadores de projeção mundial do que todos os países da Europa. A cultura americana é dominante no mundo. E não apenas a cultura pop. "Os americanos são hoje os mais inteligentes, mais educados e cultos povos do planeta", escreveu o articulista inglês. "São pelo menos trinta as universidades americanas onde nossos melhores e mais brilhantes alunos seriam considerados apenas medianos." Ele diz que o antiamericanismo se alimenta também da memória seletiva de seus cultores. Eles não deixam os pecados do passado morrer de velhos. Ao mesmo tempo, nunca se lembram das grandes conquistas humanitárias dos EUA no passado. Foram os caipiras da América que em três oportunidades no século que passou salvaram a refinada civilização européia do caos. Na I Grande Guerra, as tropas do general Pershing desempataram uma cruel luta de trincheiras em que toda uma geração de jovens europeus apodrecia entre o tifo e a gangrena. Na II Guerra, libertaram primeiro a França e a Itália e depois toda a Europa do nazi-fascismo. Em seguida, financiaram a reconstrução do continente com o Plano Marshall. Antes que o século acabasse, os americanos liquidaram, sem violência, outro regime bárbaro, o comunismo soviético. Claro que tais feitos não concedem imunidade eterna aos Estados Unidos. Pelo mesmo raciocínio, também seus erros passados não deveriam pairar sobre eles como uma condenação perpétua. Ao menos na hora do luto.



Por: Tuany Dutra