terça-feira, junho 22, 2010

Terrorista ou vítima?

       
      Ziad Jarrah nasceu em 11 de maio de 1975 em Mazraa, subúrbio de classe média alta de Beirute, capital do Líbano, habitado, em sua maior parte, por mulçumanos sunitas. Nesse mesmo ano, teve início a Guerra Civil Libanesa, que iria acompanhar Ziad até os 15 anos de idade. Seu pai Samir Jarrah, mulçumano pouco praticante e sem grandes convicções religiosas, manteve o filho relativamente afastado dos perigos e o matriculou numa escola católica que admitia mulçumanos.

     Jovens têm sonhos, com Ziad não era diferente. Pretendia ser piloto. Desde pequeno seu quarto era povoado de fotos e miniaturas de aviões. Mas seus pais não queriam que seu único filho homem exercesse uma profissão que julgavam ser tão perigosa. Só anos eles sentiriam a veracidade desse perigo. Se recusaram a apoiar e bancar a ideia, embora aceitassem pagar os estudo dele na Europa, desde que não fosse em uma escola de vôo. Ele optou então por engenharia espacial, pelo menos manteria seu vinculo com a aviação.

     Durante os anos que estudou na Europa, Ziad conheceu a descontraída jovem turca Ayse Senguen, com quem namorou durante cinco anos, mesmo com conflitos existentes na relação. Também conheceu o pregador extremista Abu Mohamed, que manteve um cerco implacável sobre o jovem libanês. Aos poucos Ziad foi se tornando religioso e começou a viver de acordo com vários preceitos do Corão. Como sempre sonhará, conseguiu entrar na escola de vôo e se forma como piloto.

     Ziad Jarrah, então com 26 anos, após ter passado a maior parte da sua vida no Oriente Médio, sem ser influenciado por fundamentalistas islâmicos, foi finalmente dobrado pelos extremistas da mesquita Quds, em Hamburgo. Participou, como piloto, do sequestro do vôo 93 da United Airlines, fazendo parte, assim, dos atentados terroristas, que foi denominado oficialmente de Operação Aviões. Ao saber da morte do filho pela imprensa, Samir Jarrah, não se conformou com a versão oficial e jurou, tal como jura até hoje, que seu filho era inocente. Disse que nunca o ensinara a odiar ninguém.


 Passaporte encontrando nos meios dos escombros, com foto e nome legíveis



No vídeo abaixo Ziad Jarrah aparece como Abu Mohamed (Líder da Operação Aviões):






 Um dia antes dos atentados terroristas, Ziad, escreveu e enviou pelo correio uma última carta para a namorada Aysel - segue na integra:

 
 Antes de mais nada, quero que você tenha certeza de que a amo de todo coração. Você não deve duvidar desse meu amor. Eu a amo, e vou amá-la para sempre. Não quero que fique triste. Estarei vivo em algum lugar no qual você não poderá me ver, nem me ouvir, mas eu a verei e saberei como está. Há sempre a hora de cada um tomar posse de seu destino. É culpa minha se lhe dei tantas esperanças  sobre casamento, crianças, família e muitas outras coisas.
Eu sou aquilo que você sempre desejou mas, infelizmente, você terá de esperar mais um pouco até que possamos ficar juntos novamente. Não estou fugindo de você; apenas fazendo o que esperam de mim. Quero que você se sinta orgulhosa, porque o que farei será uma honra. Você verá o resultado e todos ficarão felizes.
Quero que seja forte, como sei que você consegue ser. Faça aquilo que deve fazer. Mantenha a cabeça erguida, como os vencedores. Lembre-se sempre de quem você é.
Nós teremos uma vida eterna maravilhosa, sem problemas ou tristezas. Viveremos em palácios de ouro e prata. Enquanto esse dia não chega, você não ficará só. Alá estará com você e com seus pais. Quando precisar de alguma coisa, pergunte a Ele. Ele ouve e sabe o que está dentro de você.
Nosso Profeta (que as bênçãos de Alá caiam sobre ele) disse: “Aquele que não tem uma mulher é um pobre homem e aquele que não tem um homem é uma pobre mulher.” Ainda virei para pegá-la mas, se você quiser se casar com outro, não tenha medo, vá em frente. Entretanto, como você sabe, não gosto de todos os homens.
Pense naquilo que você é e veja quem a merece.
Estou pegando você nos meus braços, beijando suas mãos e sua cabeça. Agradeço-lhe e, ao mesmo tempo, peço-lhe desculpas pelos difíceis cinco anos nos quais você ficou comigo. Sua paciência será recompensada, se for a vontade de Alá.
Sou seu príncipe e irei até você.
Adeus.
O homem de sua vida.
Ziad Jarrah,
10/9/2001     
Por: Nayanne Nóbrega

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