Jidá: o cônsul honorário do Brasil na cidade
saudita é irmão do terrorista Osama
Na charmosa Jidá, chamada na Arábia Saudita de "jóia do Mar Vermelho", o Brasil é representado por um irmão do terrorista Osama bin Laden. Desde 1988, o empresário saudita Khalil Mohamed bin Laden é cônsul honorário do Brasil na cidade. Ele recebeu a nomeação na época em que José Sarney era presidente da República, graças aos bons serviços prestados a brasileiros de passagem por Jidá – atuava como uma espécie de cicerone. Sua simpatia pelo Brasil se deve ao fato de ser casado com uma maranhense, Isabel Cristina Bayma, a quem conheceu quando ambos estudavam numa universidade americana. Em 1998, Khalil bin Laden foi condecorado com a Ordem do Rio Branco.
Khalil tem ojeriza ao irmão Osama. "Ele costumava dizer que na família dele tinha de tudo, inclusive um louco que era fanático religioso", lembra o diplomata Luís Vilarinho Pedroso, que o conheceu quando servia na Arábia Saudita, entre 1989 e 1993. Ao contrário do irmão, Khalil não tem nada de antiamericano. Mantém negócios nos Estados Unidos, para onde viaja com freqüência. Na semana passada, em seu escritório em Jidá, informava-se que o empresário se encontrava em férias em Orlando, a cidade da Flórida que abriga a Disney. Um de seus hobbies é estudar a biografia de milionários americanos. Khalil vem ao Brasil pelo menos uma vez por ano, acompanhado da mulher. Ela tem poucos amigos e familiares por aqui. Nascida em Codó, interior do Maranhão, Isabel passou grande parte da vida nos Estados Unidos. Sua mãe era casada em segundas núpcias com um americano.
Khalil bin Laden leva muito a sério sua posição de cônsul honorário. Mantém uma "embaixada informal" do Brasil em Jidá (a oficial fica na capital, Riad), que funciona num escritório pertencente a uma de suas empresas. O lugar exibe a bandeira brasileira hasteada e tem um funcionário permanente, que o saudita paga do próprio bolso. Khalil também é conhecido pela gentileza. O diplomata Luís Vilarinho conta que ele ofereceu navios de sua empresa para que famílias brasileiras deixassem o Oriente Médio na época da Guerra do Golfo. Mais recentemente, em 1999, um navio-escola do Brasil aportou em Jidá e os aspirantes a marinheiros mostraram interesse em conhecer a cidade. O comandante proibiu, porque estrangeiros andando em grupo costumam ser malvistos na Arábia Saudita. O caso foi levado a Khalil, que colocou à disposição dos marujos uma frota de ônibus pertencente ao Binladin Group. Graças a essa providência, os rapazes da Marinha puderam fazer um city tour.
Por: Tuany Dutra
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