segunda-feira, junho 21, 2010

O relato de um brasileiro


O brasileiro Jorge Reis, engenheiro de 42 anos, trabalhava há dez na Port Authority de Nova York, organismo encarregado da administração de portos e aeroportos. Acompanhe abaixo o seu relato:
"Eu havia acabado de chegar ao meu escritório, no 65º andar da torre norte. Pendurei o paletó na cadeira, liguei o computador e ouvi o estrondo. Parecia o barulho de um trovão. Só que, em vez de diminuir, ele aumentava. O prédio inteiro começou a sacolejar. Muita gente gritou e passou a correr desesperada. Fomos todos para as escadas de emergência e começamos a descer. A situação estava razoavelmente sob controle. Não havia fogo nem fumaça ainda. Mais ou menos na altura do 50º andar, ouvimos gritos ordenando que ficássemos do lado direito da escada, de forma a deixar uma espécie de corredor livre do lado esquerdo. Era para descer os feridos. Percebemos aí que estávamos no meio de uma catástrofe. Algumas das pessoas que desciam carregadas estavam praticamente sem pele, com a carne do rosto toda exposta. Havia senhoras idosas gritando de dor, outras que nem gritar conseguiam, o rosto transfigurado. As pessoas ficaram desesperadas. No pânico, alguém abriu uma das portas que dava para um dos andares e a escada ficou tomada pela fumaça. Ao mesmo tempo, a água dos extintores começou a jorrar escadaria abaixo. No meu prédio, as escadas de emergência vão somente até o 9° andar. Quando você chega lá, a porta se abre para uma espécie de mezanino que dá para a praça central do World Trade Center. O pior momento de todos foi quando essa porta se abriu: a praça era um campo de batalha. Havia sangue por todos os lados, pedaços de corpos espalhados pelo chão, escombros caindo do céu e partes do avião ainda pegando fogo. Alguns corpos estavam incinerados, outros espatifados no chão. Vi pedaços de braço e cabeças sem corpo. Nunca vou me esquecer. Alguns colegas entraram em estado de histeria. Eu fiquei em choque: meu coração veio à boca. Quantas vezes estive naquela praça... Era um lugar muito elegante, todo de mármore e granito. No verão, havia concertos de música lá. Não sobrou nada."



O estrago depois do desabamento do World Trade Center


Pessoas correm da nuvem de poeira do desabamento do World Trade Center


Bombeiros tentam resgatar sobreviventes no World Trade Center, em Nova York

Sobreviventes do atentado no World Trade Center, em Nova York
População se protege da poeira do desabamento do World Trade Center, em Nova York
 
  Desesperadas, algumas pessoas resolveram se atirar do World Trade Center
Fonte: Revista Veja, Edição 1 718 - 19 de setembro de 2001.

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