sábado, junho 19, 2010

Local do atentado terá projeto bilionário



Desde o atentado ao World Trade Center, no centro da capital do mundo, que o local estava sem algo grandioso para o seu valor econômico, social e cultural. Foi realizado, então, um concurso com os arquitetos de todos os continentes. O projeto ‘Torre da Liberdade’ do arquiteto judeu-polonês, Daniel Libeskind, foi o vencedor. Como as obras só estão previstas para serem finalizadas em 2015, hoje, após quase dez anos da destruição, encontramos homens trabalhando no local, para construir este projeto que teve como investimento inicial, US$ 2 bilhões. Com 541 metros, o aranha-céu de vidro,será o prédio mais alto dos Estados Unidos e a peça central do novo World Trade Center.


"Não estamos construindo nenhuma fortaleza" 
Em entrevista, o arquiteto Daniel Libeskind fala sobre o desafio de reconstrução do Ground Zero, local dos atentados em Nova York, sobre o papel da arquitetura após o 11/09 e sobre o significado da memória. 
A construção do Ground Zero é o principal projeto arquitetônico da atualidade. As expectativas em relação ao projeto eram muito elevadas. O senhor se sentiu sob pressão, ou isto foi motivo de inspiração?
Daniel Libeskind: O Ground Zero é o projeto mais importante da história da arquitetura. Todo mundo sabe disso. Todos têm uma opinião sobre ele. Existem sentimentos muito profundos e tanto o significado da reconstrução do Ground Zero quanto a pressão são incrivelmente grandes. Ao mesmo tempo, é inspirador o fato de esta reconstrução não significar somente alguns prédios e algumas áreas amplas. O que está sendo reconstruído aqui é o coração de Nova York. E será reconstruído em lembrança a uma tragédia que abateu Nova York e todo o mundo naquele dia.
Harmonizar a tragédia com a espiritualidade do lugar, criar uma cidade viva e bela que reaja aos atentados de forma criativa e cultural e fazer com que as pessoas voltem a freqüentar aquela região de Lower Manhattan – tudo isso serviu de inspiração e certamente foi um desafio incrível.
 Além de ser o arquiteto do Museu Judaico de Berlim, o senhor apresentou uma concepção para o Memorial do Holocausto. Agora é o principal projetista do Ground Zero. Por que a questão da memória o estimula tanto?
A lembrança é possivelmente a dimensão mais profunda da alma humana. Sem ela não poderíamos saber para onde vamos e de onde viemos. Por isso, acredito na importância da memória em qualquer projeto arquitetônico. A lembrança evoca uma tradição e algo do passado que deve ser levado para o futuro. Naturalmente, a memória tem um importante papel tanto no projeto do Museu Judaico quanto no do Ground Zero.
A recordação do 11 de setembro de 2001 modificou o mundo. Desde essa data, vivemos num outro mundo. Por isto, o Ground Zero deve transmitir algo de que as pessoas têm que se lembrar, para que no futuro o mundo tenha um horizonte mais amplo.
O senhor acredita que o 11 de setembro modificou radicalmente a arquitetura?
Sim, definitivamente! Foi um momento em que as pessoas puderam ver as duas faces  – a vulnerabilidade do mundo, mas também a esperança que ela oferece em potencial. Viram o que pode acontecer à cidade através do fundamentalismo e do terrorismo. Também viram como uma cidade pode se erguer novamente com todos os valores democráticos e como sua liberdade pode ser reafirmada em face aos atentados.
Em todo caso, a opinião pública ficou entusiasmada. Acredito que a grande opinião pública nunca se interessou tanto pelo que é construído, pelos projetos, pela aparência dos edifícios. Pela primeira vez as pessoas não pensam que a cidade é somente para planejadores, políticos – ou seja, para "pessoas abstratas". Agora elas dizem "a cidade é nossa, das pessoas que vivem nela".
Acho que o Ground Zero e sua reconstrução têm uma imensa influência na forma diferenciada com que as pessoas percebem seu entorno hoje – por todos os cantos do mundo, não somente em Nova York.
O senhor teve que considerar aspectos de segurança que antes do 11 de setembro não tinham importância?
Sim, a segurança é um dos grandes temas na reconstrução do Ground Zero. Após os ataques ao World Trade Center, todos tivemos que repensar a forma de construção dos edifícios. E com certeza é a questão mais importante, pois sabemos como isso será importante no futuro.
Acredito que a tecnologia de ponta seja necessária para tornar os edifícios mais seguros. Ao mesmo tempo, temos que considerar que vivemos numa cidade aberta e democrática. Não estamos construindo nenhuma fortaleza.
Como o senhor vivenciou o 11 de setembro?
Foi uma estranha combinação de datas. O 11 de setembro de 2001 foi o dia de abertura do Museu Judaico em Berlim para o público. Naquele dia, fui ao meu escritório e disse a mim mesmo: "Pela primeira vez não preciso pensar sobre o Museu Judaico. Agora ele está aberto". Então acontecem os atentados e uma nova treva se alastrou ao meu redor, ao ver as imagens na televisão naquela tarde.
Vi as imagens e falei para a minha esposa e amigos: "Vou voltar para Nova York, vou voltar para aquela região de Manhattan". Que estranho que eu tenha vindo parar justamente aqui e neste exato momento esteja olhando para Ground Zero, com a responsabilidade de reconstruí-lo.
Para ler a entrevista na integra acesse:  
www.dw-world.de   
Por: Dayane Ribeiro

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